Por
que os médicos usam roupas verdes ou
azuis nas
salas de cirurgia?
É tudo uma questão de extremos opostos
no espectro de cores: as diversas nuances do vermelho, presentes em abundância
nas cirurgias, são as cores complementares de diversos tons de azul e verde. Ou
seja, o vermelho e suas variações estão no extremo oposto do azul e do verde no
espectro de cores.
Um coração vermelho ou
azul-esverdeado?
Faça um teste: clique na imagem abaixo e visualize-a por pelo menos 25 segundos e, em seguida, olhe para uma superfície
branca.

Você
também viu um coração azul-esverdeado?
Aposto que você viu uma sombra de um coração azul-esverdeado. Pois é, se as roupas e paredes da sala de cirurgia
fossem brancas a visão dos médicos ficaria muito prejudicada em relação ao
vermelho do sangue que eles olham fixamente durante a cirurgia. A ilusão de
ótica criaria vários “fantasmas” e isso distrairia os profissionais. Foi
aí que surgiu a ideia de usar roupas azuis ou verdes na sala de cirurgia. Os
“fantasmas” azuis-esverdeados se fundem a cor do tecido e se tornam neutros. É
como se essa cor atualizasse o cérebro dos médicos para a cor vermelha.
Isso causa um conforto na visão dos profissionais e aumentam sua concentração.
Fantasmas de cores
complementares
Fonte
da imagem: Wikipedia
Para impedir que os cirurgiões e os
profissionais auxiliares se distraiam com essas ilusões de ótica, vendo
“fantasmas” de cor verde para onde quer que olhem, é que surgiu essa ideia de
substituir os jalecos brancos nas salas de cirurgias pelos da cor verde ou
azul.
Assim, os tais “fantasmas verdes e
azuis” se fundem à cor dos jalecos, deixando de se tornar uma distração. Quem
confirma a teoria é Paola Bressan, pesquisadora de ilusões visuais da
Universidade de Padova, na Itália.
De onde surgiu a ideia?
De acordo com um artigo de 1998 do
Today’s Surgical Nurse, a ideia dos jalecos coloridos foi difundida no começo
do século 20 por um influente médico que defendia que o verde e o azul seriam
cores mais confortáveis para um médico visualizar durante as cirurgias —
justamente pelos motivos que acabamos de explicar. Antes disso, os jalecos
usados nas operações eram totalmente brancos.
Que falta de sensibilidade!
Fonte
da imagem: Pixabay
Os truques do cérebro vão além. De
acordo com especialistas, o nosso cérebro interpreta uma cor em relação outra
e, olhando por muito tempo para variações entre vermelho e rosa, o sinal
dessas cores no cérebro fica desbotada e o cirurgião pode correr o risco de
perder a sensibilidade aos tons de vermelho. Assim, olhar para cores frias
como verde e azul de vez enquanto atualiza o cérebro e nos faz ficar mais
sensíveis ao vermelho.
E não é só isso: o nosso cérebro
interpreta cores em sua relação uma com as outras e, olhando por muitas horas
para variações entre vermelho e rosa, o sinal dessas cores no cérebro desvanece
e o cirurgião pode correr o risco de ficar dessensibilizado com as nuances
entre os tons de vermelho.
Então, olhar para algo verde ou azul,
de tempos em tempos, ajuda o cérebro a ficar mais sensível ao vermelho, segundo
John Werner, psicólogo que estuda a visão na Universidade da Califórnia.
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